Histórias de vida

Voltando para casa ontem, após levarmos a Nina ao veterinário, fomos nos ocupar com a retirada de entulho do quintal. O Rodrigo e o Emerson entraram com o trabalho mais pesado enquanto eu ia tentando selecionar o que jogar fora. Estava na calçada "organizando" o entulho quando um rapaz parou e perguntou se poderia pegar algumas coisas recicláveis para vender. Eu disse que sim pois a quantidade de entulho era muito grande e talvez tivéssemos problemas com o "Cata Treco". E esse rapaz, o Bira, muito simples mas de muita bondade, perguntou se poderia nos ajudar a retirar o entulho e que se nós não nos importássemos, ele ficaria com o entulho que lhe fosse possível vender. Eu mal acreditava no que ouvia! E foi o que aconteceu, ele passou a tarde ajudando o Rodrigo e o Emerson. No final do dia, emocionado, ele veio conversar comigo com lágrimas nos olhos e me contou que tinha saido de casa pela manhâ sem ter nem um real no bolso e sem noção do que faria para conseguir algum dinheiro. Ele se emocionou ainda mais porque ao final do dia, não só tinha conseguido sair do "negativo" como tinha nos ajudado e ajudado mais uma pessoa, um outro catador de entulho com quem ele ia dividir o trabalho mais tarde, quando voltasse para fazer o "pente fino" na montanha.

Eu só posso acreditar que tem muita gente torcendo positivamente por nós e pelo nosso trabalho voluntário com os bichos da Lúcia. Tanto eu como a Patricia estamos nessa por acaso, totalmente amadoras e inexperiêntes e mesmo que aos trancos e barrancos as coisas vão lentamente se ajeitando. Pessoas maravilhosas tem aparecido no nosso caminho, muitas ajudando com ração, outras com a divulgação, com remédios e até mesmo com o próprio trabalho, seja ele especializado, como o da veterinária ou braçal, como do Bira, que tanto nos emocionou com sua simplicidade e bondade.